Botafogo é cheia dos seus casarões históricos, que reservam sob os pés um pedaço da história do Rio de Janeiro. É num desses espaços centenários, na Rua Álvaro Ramos, que está o bistrô francês La Villa, o mais autêntico que a cidade abriga.

O Guia Michelin já notou o restaurante, um reconhecimento um tanto merecido para uma brasserie que acumula prêmios e tradição. Eu bato ponto por lá há alguns anos, mas hoje vou focar mais na minha última experiência.

O menu do La Villa é uma seleção de pratos tradicionais franceses, com alguma releitura com cara de Brasil. Mas, no fim, é o sangue francês dos donos que faz o menu girar. É Grégoire Fortat quem comanda a cozinha, acumulando mais de 10 anos de experiência em restaurantes na Europa, incluindo um próprio que teve em Paris. Quem assina a carta de vinhos é Marc Avit, que traz sua bagagem de anos de experiência trabalhando em vinhedos no sul da França.

Os aperitivos passam pela cesta de pães da casa, foccacia com burrata, tábua de queijos e outros beliscos. Mas minha última visita começou pela entrada. A escolha foi o tartare tradicional com torradas, mas as opções incluem releituras do prato, sopas, escargots e opções para comer com pão. Não me arrependi do meu pedido: clássico, simples e tecnicamente correto. Tudo o que se espera de um stake tartare de qualidade, coisa rara de se encontrar na Cidade Maravilhosa.

O prato principal é sempre uma dificuldade imensa para escolher. Se estou em um bistrô francês, não penso duas vezes em pedir Coq au Vin e do La Villa é o melhor que já comi na vida. A carne tenra do frango, desmanchando em um molho encorpado, com as notas acentuadas do vinho e uma potência de sabor que se sente na boca inteira. Difícil de resistir! Mas dessa vez eu consegui e acabei por pedir coxa e sobrecoxa de pato confitado com molho de laranja e aligot para acompanhar. O pato estava suculento, soltando do osso com facilidade, com um sabor rico e untuoso, mas deliciado. O molho sutil levantava o prato, trazendo o toque cítrico e adocicado da laranja. Mas o astro mesmo foi o aligot e fim de conversa. Um acompanhamento que poucos restaurantes ousam servir e, quando o fazem, muitas vezes acabam por oferecer um purê de batata com queijo. Você com certeza já pediu um aligot e se decepcionou. Mas acredite: quando bem feito, a elasticidade do queijo, se mistura à untuosidade da manteiga e do leite de um forma que a batata se torna a masterpiece do prato.

Nesse dia, especialmente, eu pulei a sobremesa porque iria me despedir de uma amiga querida que está de mudança para a Itália e estava em seu último dia na confeitaria que trabalhava. Fui prestigiar e aproveitar a sobremesa, que estava divina. Então encerro aqui indicando o Maz, que fica bem pertinho do La Villa. Mas, se o seu objetivo é um menu completo no La Villa, posso indicar de olhos fechados o creme brûlée e as profiteroles.

Fiz um vídeo especial para falar do La Villa. Se quiser ver como são os pratos que falei aqui, descobrir a textura do aligot ou mergulhar na carta de vinhos, é só assistir:

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eu sou a Louise

e esse é o “Comer com Prazer”, um pedacinho da internet dedicado à comida boa de verdade. Aqui, eu reúno minhas duas paixões: escrever e comer. Sou jornalista, mas também me formei em Cuisine, Pâtisserie e Boulangerie pela Le Cordon Bleu. No meio desse caminho, ainda me tornei chocolatier e caramelier. E, aqui, eu te convido a se juntar a mim em busca dos melhores lugares para comer bem.

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