Essa é uma história de amor.

Em 2011, eu tinha 19 anos e era apenas uma universitária nascida em uma cidade pequena e que se mudou para Niterói. Estava no curso de comunicação e me apaixonei por um carioca, morador de Botafogo, apaixonado pelo Flamengo e que tinha o sonho de ser jornalista esportivo. Eu queria ser repórter investigativa e o mundo parecia muito pequeno pro tanto de sonhos que a gente queria realizar.

O tempo passou e, 14 anos depois, estamos aqui. Mudou tudo! Eu desisti de ser repórter investigativa depois de dois anos de experiência. E ele recalculou a rota e, com toda a sua praticidade capricorniana, virou Mídia. A distância da ponte Rio-Niterói não existe mais. Moramos juntos, em um apartamento fofo meio mato-meio cidade. E, para coroar tudo, adotamos o Sherlock. De longe, o cachorro mais legal do mundo.

Foto: Lu Veras | Instagram: @luverasfotografiapet

Mas essa também é uma história que se conta com comida. No começo de tudo, a gente só queria saber de Mc Donald’s e pipoca de manteiga. E, assim como a gente mesmo amadureceu, nosso paladar também evoluiu. Na nossa primeira vez em um restaurante mais adulto, eu confundi aioli com aligot e fiquei soberbamente animada com a possibilidade de comer um purê de batata bem queijudo. Chegou na mesa um pote de maionese e, na exata mesma hora que a animação se esvaía do meu corpo, o Arthur entendeu o que tinha acontecido e falou: “você queria aligot, né?”.

Enfim, a comida é uma parte especial da nossa história e da minha vida. E, para comemorar os primeiros 14 anos do nosso amor, eu decidi preparar um menu completo que conte um pouco da nossa história e dos nossos sonhos de viagens. E, hoje, eu vou te contar a receita da entrada que junta Japão, Coreia do Sul, Paraty, Salvador e Paquetá. Loucura, loucura!

Ingredientes

Tudo aqui é a gosto porque vai depender da intensidade do sabor e da quantidade que você quiser. Para sua referência, vou deixar aqui o que eu usei par servir duas pessoas. O que não estiver com a quantidade é porque não pesei, fiz no olho mesmo. Confie no seu instinto!

  • 2 folhas de alga nori
  • 5 pimentas dedo-de-moça
  • 6 camarões
  • Azeite de dendê
  • Farinha de mandioca torrada
  • Bacon
  • Caldo de carne

Algumas associações são bastante óbvias, mas outras não. Então vou explicar! A alga nori remete ao Japão, que é o grande sonho de viagem do Arthur. Não encontrei pimenta coreana no mercado, mas vou substituir pela dedo-de-moça para trazer esse apimentado tão característico. E o caldo de carne entra para completar essa experiência asiática. Mesmo sendo uma técnica francesa de preparo, a gastronomia asiática tem o caldo como um dos principais ingredientes. O camarão remete ao primeiro prato que a gente comeu em Paraty, um bobó basicão em um restaurante super romântico. O azeite de dendê, óbvio, de Salvador. E a farinha de mandioca e o bacon são de outra das nossas histórias de viagens. Nosso terceiro ano novo foi o primeiro que não passamos na cidade do Rio. Fomos para Paquetá e a ideia era que eu fizesse uma ceia antes da virada. Na hora de cozinhar, notei que eu tinha esquecido de levar a farinha de mandioca da farofa de bacon. Fiquei enlouquecida, chorei horrores porque eu tinha planejado minuciosamente aquele jantar. Só sei que, enquanto eu fazia o meu drama com ascendente em câncer, Arthur saiu por Paquetá batendo de porta em porta, às 18h de um 31 de dezembro, atrás de uma farofa de mandioca torrada e, por incrível que pareça, ele conseguiu!

Entrada

O que vamos cozinhar

Camarões grelhados com farofa de bacon e dendê, acompanhado de chips de alga nori e finalizados com demi glace apimentada.

Parece que nada tem sentido nesse prato, né? Mas eu juro que tem! Faz e me fala.

Mise en place

  • Corte a alga nori em tamanhos e formatos de chips
  • Corte a pimenta bem pequeninha, tirando os caroços
  • Deixe os camarões limpos e reservados
  • Corte o bacon em cubos de 1 a 2 cm

Modo de preparo

  1. Deixe o caldo de carne reduzindo em fogo baixo para concentrar bastante sabor. As pimentas já entram nessa etapa. A ideia é reduzir até que se torne um molho denso. De vez em quando, passe um pincel com água nas bordas da panela para limpar.
  2. Enquanto isso, coloque o bacon para fritar. Se o bacon estiver gordo, não precisa colocar mais gorduras. A ideia é deixar bem douradinho.
  3. Uma vez que o bacon estiver no ponto, entre com a farofa. Caso o bacon solte muita gordura, descarte parte dela para evitar que untuosidade deixe a farofa enjoativa.
  4. Aos poucos adicione azeite de dendê na farofa, cuidando para não perder a textura da farofa e nem sobrecarregar o sabor. O segredo é ir acrescentando aos pouquinhos e experimentando.
  5. Acerte o tempero da farofa, com muito cuidado para não salgar demais
  6. Doure os camarões no azeite. Se estiver usando camarões pequenos, como eu, em coisa de 3 a 4 minutos já estarão prontos.
  7. Para o chips de alga nori, coloque as tiras em uma assadeira, passe azeite por cima e tempere com sal e pimenta (ou o que mais você quiser). Leve por cinco minutos para o forno pré-aquecido a 170º (10 min)
  8. Uma vez que o caldo estiver reduzido está pronto! Se achou que reduziu demais, entre com um pouquinho de água. Novamente, aos poucos. Na cozinha de casa é tudo sempre aos poucos.

Prato principal

O que vamos cozinhar:

Para esse, a escolha foi simples e a nossa cara: massa e carne! O prato é conchiglione com manteiga de ervas e chorizo argentino.

Ingredientes e mise en place

  • Massa da sua preferência. Eu escolhi a conchiglione, que é uma massa tradicionalmente servida recheada, mas só porque nós gostamos do formato. Tomei essa liberdade. Desculpem, nonnas!
  • Ervas picadas bem pequenininho
  • Manteiga em temperatura ambiente
  • Queijo parmesão ralado

Nessa parada da viagem vamos juntar as melhores histórias que vivemos na Argentina com o nosso próximo destino: a Itália! Mal posso esperar para passar perrengue em euros!

Modo de preparo

  1. Misture as ervas picadas à manteiga em temperatura ambiente e reserve.
  2. Tire o excesso de gordura da carne e tempere com sal e pimenta
  3. Em uma frigideira bem quente, coloque um fio de azeite e leve a carne em temperatura ambiente para grelhar
  4. Deixe grelhando até que a carne doure bem e solte naturalmente do fundo
  5. Vire e deixe grelhar do outro lado
  6. Retire a carne e leve para finalizar a cocção no forno. O tempo varia de acordo com a grossura da peça. Eu deixei a 55º por 5 minutos. Deixe a carne descansar por alguns minutos.
  7. Em uma panela com água fervendo loucamente, entre com a massa e siga a instrução de tempo do fabricante para estar al dente.
  8. Depois de cozida, reserve uma concha da água da massa e leve o macarrão para a frigideira com a manteiga de ervas.
  9. Finalize o molho com parmesão ralado e um pouco da água da cocção

Sobremesa

Essa é a master piece desse menu, mas, ao contrário dos demais pratos, não é uma receita minha. Então vou dar os créditos a quem merece: chef Vitória Teles. Confira a receita completa aqui.

E a escolha desse encerramento tão incrível tem explicação. França, um dos nossos próximos destinos e minha formação clássica de gastronomia, e blueberry, que está em absolutamente todos os realites americanos de gastronomia que a gente assiste e ama. Estados Unidos é o meu sonho de viagem e mal podemos esperar para viver isso juntos.

Resultado

Talvez você esteja se perguntando o que o Arthur achou desse menu. Então, com vocês, as palavras dele:

Se isso é um sonho, por favor não me acorde!

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eu sou a Louise

e esse é o “Comer com Prazer”, um pedacinho da internet dedicado à comida boa de verdade. Aqui, eu reúno minhas duas paixões: escrever e comer. Sou jornalista, mas também me formei em Cuisine, Pâtisserie e Boulangerie pela Le Cordon Bleu. No meio desse caminho, ainda me tornei chocolatier e caramelier. E, aqui, eu te convido a se juntar a mim em busca dos melhores lugares para comer bem.

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